Album [XIX] : Aqui toma-se banho

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Ratinho por uns tempos [IV]

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Nesta primeira quinta onde fui "ratinho beirão" ou "caramelo de ir e vir" os meus anfitriões de raízes estrangeiras despertaram-me a curiosidade inicial tanto pelo enorme conhecimento que têm do mundo que os rodeia e do qual de facto dependem absolutamente como pelas maravilhosas contradições do seu estilo de vida, que por sua vez salientam as contradições do estilo de vida praticamente oposto, que praticamos na nossa maioria, se quisermos ser auto-críticos.

Não entendo estas contradições como uma fraqueza nas suas motivações, especialmente se se tiver em conta que os objectivos originais, conscientemente ou não, eram (são) admissivelmente idealistas e provocadores e acho até que está precisamente aí o seu valor - em viver intencionalmente e com um objectivo alheio a qualquer expectativa externa.

Que contradições relativas são estas? Querem a liberdade total dos patrões e do escritório mas não há patrão mais exigente e inclemente que a pecuária, onde a liberdade vai até onde a limpeza dos recintos, alimentação das crias e risco de mastites deixam ir.
Querem a independência total de uma economia baseada em combustíveis fósseis mas é impraticável ter uma queijaria legalizada sem instalações eléctricas e geradores, o que leva ao paradoxo (cruel para o wwoofer mimado) de existir luz e aquecimento na queijaria mas não em casa.

Foi este ideal de auto-suficiência que esteve na origem da mudança para Portugal, com a sua terra barata e longa época produtiva. Durante algum tempo viram este país só através destas características, até descobriram que facilmente passariam fome sem a ajuda dos vizinhos portugueses, com os quais têm agora uma relação amistosa, baseada também na troca de produtos e serviços.

Muitas das pessoas que os ensinaram a arranjar porcos e borregos, a plantar as culturas mediterrânicas e a adaptarem-se à cultura estão hoje idosos, mas têm uma retribuição porque bastantes baldios da envolvente são limpos por estes estrangeiros. Através dos pelo menos 4 terrenos com milho (quase 4 hectares ao todo) que lhes são cedidos e, porque pouco dinheiro têm ou querem ter, trocam muito com os vizinhos, especialmente o requeijão e a carne que não podem vender através da queijaria.

E assim de repente a auto-suficiência heróica foi substituída pela descoberta mais humilde e valiosa da interdepência de todas as coisas e pessoas.

Truísmos [XIX]: A andar e pensar

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"In every walk with nature one receives far more than he seeks."
John Muir 

Perder várias horas...

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... a ver um dos melhores sites que já vi, que não acredito que só descobri agora.
Impossível escolher uma ou duas imagens porque absolutamente todas as galerias são geniais, é importante reservar algum tempo para ver com atenção!


20 de Março de 2012, 11:02

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TV Rural [XIX] : O desafio básico

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Michael Pollan's Food Rules from Marija Jacimovic on Vimeo.

WWOOF em Portugal: algumas dicas

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Missão cumprida - um dos rebanhos preso para sanitização das patas


Depois das minhas (ainda escassas) experiências pediram-me alguns conselhos sobre o WWOOFing.
É importante ter a noção de que o WWOOF é no fundo uma forma de turismo fora do convencional cujo "financiamento" é pago com trabalho voluntário directamente (diferente em natureza, intensidade e responsabilidades)  em vez do dinheiro ganho com o trabalho formal no resto do ano.

Algumas perguntas úteis para decidir se se deve ir e para onde ir

-O objectivo é fazer wwoof em Portugal ou no estrangeiro? (existem vários sites para cada país)
-Se for em Portugal, alguma zona ou tipo de paisagem específica? (muitas diferenças de trabalho)
-O objectivo principal é aprender algum tipo de actividade, conviver ou visitar uma região?
-Que tipo de trabalhos não são aceitáveis e quais são desejáveis?
-Que carga horária é aceitável? (maioria dos anfitriões pede 4-6 horas diárias, 5-6 dias por semana)
-Querem trabalhar com animais ou querem evitá-lo? 
-Que tipo de alimentação e alojamento preferem? (é fácil encontrar locais vegetarianos)
-É preferível uma quinta com só mais 2-3 pessoas ou uma com mais 15 pessoas? (muito diferente)

Sinais de um bom anfitrião:

- Tem um perfil com muita informação, fotos e localização (só visível após pagamento de inscrição no site)
- Se recebe voluntários há algum tempo tem boas referências
- Responde aos emails e telefona em alguns casos para saber se a pessoa é de facto compatível
- Insiste em saber horas, condições e que tipo de voluntário vai receber e quer recebê-lo bem
- Adapta o voluntário ás necessidades da quinta mas também aos seus interesses e aptidões
- Não trata os wwoofers como mão-de-obra barata, toma as refeições com eles e está disponível para partilhar conhecimentos

Sinais de um bom wwoofer:

- Tem um perfil com foto e informação relevante sobre si e o que pretende com o wwoofing
- Lê cuidadosamente o perfil do anfitrião e faz um pedido específico para este, nunca envia copy/pastes
- Faz só um pedido de anfitrião para cada data, aguarda resposta deste e só manda pedido a outro depois de passar um tempo razoável sem resposta ou depois de resposta negativa
- Aparece na hora, local e data marcada
- Cumpre os horários de levantar, comer e trabalhar e adapta-se a situações diferentes
- Dá-se bem com pessoas (muito) diferentes e respeita os hábitos e modo de vida do anfitrião

Tipos de quintas mais habituais (ter noção que 3 em cada 4 são de estrangeiros):

- O projecto de permacultura/eco (quase sempre muito recente), feito "sem pressas" por pessoas mais ou menos inexperientes. Bom para convívio e turismo, mau para aprender algumas aptidões (como maneio animal) mas bom para partilhar o que é quase sempre uma experiência de vida nova também para os anfitriões. Ás vezes com bastante (demasiada) gente.
- A Quinta de reformados com muito tempo e dinheiro nas mãos, mais perto de um jardim enorme do que uma quinta. Excelente para relaxar, comer bem e trabalhar pouco e convívio mais light, mau para fazer trabalho mais significativo do que somente jardinagem e ter uma experiência mais próxima do espírito da coisa.
- A quinta-empresa, excelente para aprender aptidões e saber trabalhar no quotidiano de uma quinta "a sério", boa para trabalhar, mais difícil para conviver com pessoas ou usar o tempo livre.
- A "armadilha", que são quintas que usam o wwoof para ter trabalho escravo e misteriosamente não são expulsas da rede (existem 3-4 assim ao todo). Felizmente raras e ausentes da minha experiência.
- Todo o resto - se calhar a categoria mais interessante mas mais rara, com pessoas muito diversas e ás vezes uma mistura das melhores qualidades e/ou experiências mais extremas.

Album [XVIII]: Eric Valli

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 "Off the Grid"






Apontadores [XVIII]: O mesmo tecto

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O Falanstério de Fourier


Muitos recursos são fáceis de partilhar e evitam a duplicação de despesas, desde o sinal de internet até ao meio de transporte. Em muitos países europeus em que ter casa própria ou fixa é raro, partilhar o prédio/casa/quarteirão é quase a norma durante grande parte do percurso de vida, inclusive após constituir família. 
Vou fazer uma proposta sobre este tema no âmbito do Orçamento Participativo de Guimarães.

Crónicas de uma Desempregada: Viver em comunidade
Um desabafo raro de ler em português, uma mãe solteira e desempregada percebe as vantagens de dividir despesas partilhando um espaço entre um reduzido número de famílias, que podiam inclusivamente revesar-se no acompanhamento das crianças.

Dividir casa é uma resposta à crise mas também de uma opção de vida
O título poderia estar ao contrário - como é claro no artigo o facto de existirem menos adultos fora de um núcleo convencional e dadas as características do parque habitacional do país torna vantajoso estar acompanhados de outras pessoas na mesma situação, fazendo face aos baixos rendimentos.

The Babayagas’ house, a feminist alternative to old people’s homes, opens in ParisA idade média da Europa ultrapassa os 40 anos e os solteiros já são mais numerosos que os adultos que habitam com o núcleo familiar em vários países, o que torna emergente algumas tipologias de co-habitação em reacção aos "depósitos" de idosos como esta comuna feminina.

Viver ou não viver num"kibutz"
Os kibbutz são das mais conhecidas experiências de cohabitação em grande escala, reforçadas mais pelas características agregadoras de uma religião e de um cotnexto político instável do que pelas virtudes inerentes e imediatos à partilha de recursos. Apesar disso, subsistem.

Come together: Could communal living be the solution to our housing crisis?Um artigo com uma excelente recolha de várias tipologias de co-habitação que se estão a tornar "mainstream" no R.U., desde quintas até condomínios fechados de luxo até pequenos prédios convertidos com suites e zonas comuns.

Färdknäppen – a different kind of house
Na Suécia, o modelo mais comum nos países nórdicos (a opção de mais de 10% da população da Dinamarca), com prédios para solteiros com mais de 40 anos - uma tipologia de bloco de habitação com jardim em que os espaços privados são com quartos com escritório e casa-de-banho e que partilham um ou dois pisos com cozinha, jardim e sala.