Horticultura enquanto acto político

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@Boing Boing
A decisão do HDT de habitar de forma espartana uma cabana na floresta  durante dois anos, foi parcialmente política, com o objectivo de transformar o seu estilo de vida num acto de desobediência civil, com a fuga deliberada ao pagamento de impostos que tinham como destino um governo esclavagista, e sendo ao mesmo tempo uma espécie de experiência de redução do quotidiano às suas tarefas mais elementares.

Apesar de actualmente em muitos condados nos mesmos EUA ser ilegal recolher água da chuva; plantar uma horta; ter galinhas; viver numa mini-casa (maior do que os nossos T0) ou mesmo não ter um cartão de crédito, perdendo acesso a entrevistas de emprego ou a contratos de arrendamento, a produção dos próprios alimentos ganha cada vez mais popularidade.

Felizmente em Portugal, onde a horta e o galinheiro de quintal ainda são ubíquos, não existe uma rejeição a este nível, mas subsiste alguma miopia social em relação às hortas de subsistência e outras actividades que permitem viver com muito pouco dinheiro, sem recurso ao endividamento e com baixo consumo de recursos e tempo, muitas vezes confundidas com anacronismos de má memória ou desespero económico, quando não mesmo com vandalismo- parece que a "fuga confortável" ao consumismo através do DIY é um dos poucos actos verdadeiramente subversivos que ainda vingam.


Aproveito então para divulgar um dos tais actos de plantação subversiva, com a criação na baixa do Porto de duas hortas em dois dias (29 e 30 de Setembro), na sequência de sugestões feitas e não concretizadas num concelho onde o único programa de hortas urbanas tem mais de 1000 pessoas em lista de espera.

23 de Setembro

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"Outono" Archimboldo

Hortas Comunitárias em Portugal [XII] : Hortas Sociais de Póvoa de Lanhoso

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Génese:
Iniciativa da Acção Social da CM de Póvoa de Lanhoso, colaboração futura com IPSS locais para cedência de terrenos e formação no âmbito da agricultura biológica.

Área / Nº de participantes:
 Área desconhecida, 19 utentes na experiência piloto.

Objectivos:
Complementar o orçamento de famílias desfavorecidas com produção própria de hortícolas, complemento do abastecimento de IPSS, aquisição de conhecimentos de agricultura biológica para subsistência

Ligações:

Notícia 1, Notícia 2

Notas:

Esta iniciativa de promoção de horticultura biológica, orientada para questões de cariz social de forma a complementar o rendimento familiar, segue o modelo de aproveitamento de espaços sub-aproveitados no espaço das próprias instituições promotoras. Terá o mesmo problema de outras iniciativas semelhantes, em que apesar do potencial o espaço disponível não permite um programa abrangente na população carenciada ou que exista um impacto significativo no orçamento dos utilizadores.

Roídas 1 em cada 3 Cenouras :((( EDITADO

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.Este post antigo tem recebido algumas visitas, isto foi muito antes de saber que as toupeiras são quase exclusivamente carnívoras e que os estragos nas plantas se devem ao facto de que ratos utilizam os seus túneis - eles sim - para comer as raízes.

Todos os animais fazem parte da biodiversidade de uma horta saudável mas as toupeiras são consideradas um animal "neurtro" na sua acção porque por um lado comem algumas pragas e ventilam solos compactados mas por outro também preferem as essenciais minhocas e podem secar as raízes quando fazem demasiados túneis. Sou totalmente contra matar toupeiras mas procuro desencorajá-las, destruindo túneis novos ou enterrando plantas com cheiro forte como louro ou alho nos pontos de saída.



Album [XI]: Recessão

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Reportagem da Associated Press sobre a crise nos EUA desde 2008.

 " Kate Cramer-Herbst cleans out a vegetable box in Detroit, April 10, 2010. Detroit, which revolutionized manufacturing with its auto assembly lines, could once again be a model for the world as residents transform vacant, often-blighted land into a source of fresh food. No city seems to have as much potential for urban farming as Detroit, where land is cheap, empty lots are plentiful, and residents are desperate for jobs. (AP Photo/Carlos Osorio)"



"In this photo taken Thursday April 22, 2010, Bonnie the cow is milked by Erik Ramfjord, at the Douglas Ranch in Paicines, Calif., Ramfjord is a member of World Wide Opportunities on Organic Farms, a group with 9,000 members commonly known by a variation of their acronym, woofers. It's kind of an Outward Bound for agriculture, the new millennium version of the traveling hobo willing to work for a meal. (AP Photo/Tracie Cone)"

"Shelves are stocked at the Chittenden Emergency Food Shelf in Burlington, Vt., Wednesday, Nov. 25, 2009. Around Vermont, demand is up at food shelves as Vermonters lose jobs, try to make ends meet on unemployment and struggle with heating, food and fuel costs. Many charities say they have been able to meet the demand with donations from food drives at businesses, church groups and schools, but wonder if they'll raise enough during the upcoming holiday season. (AP Photo/Toby Talbot)"


"In this Jan. 28, 2009, file photo after an overnight snowfall, Neil Floyd starts a fire to keep warm outside his tent in the small tent city, where he lives with other homeless people in Camden, N.J. More than 37 million Americans live in poverty, and the vast majority of them are in line for extra help under the giant economic stimulus package coming out of Congress. (AP Photo/Mel Evans, file)"

via

TV Rural [XV] : "Jardins pela Vitória"

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Na sequência deste post aqui fica o anúncio original dos Victory Gardens dos anos 40-50 nos EUA, uma campanha pela produção doméstica de carne, ovos, fruta e hortícolas para subsistência com o objectivo de ajudar o esforço militar e combater a pobreza e escassez de bens essenciais na sociedade civil (surgiu na sequência da Grande Depressão).




Hoje precisamos de uma versão deste modelo a ser encorajada da mesma forma, uma vez que a continuidade de uma recessão é clara no médio prazo e os bens alimentares encarecem continuamente, sendo importante reduzir algumas importações de forma significativa, uma vez que se espera fortalecer a economia pela via do equilíbrio da balança comercial. Deveria existir também uma "guerra" em curso contra a obesidade, sedentarismo e doenças cardio-vasculares.

Apontadores [XIII] : Produzir, vender e comprar com ética

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Produtores agrícolas acusam grande distribuição
Distribuidores de fruta ficam com uma margem de lucro de 50% a 200. Há que saber vender e escoar os produtos de outra forma, e ganhar mais poder negocial. A grande distribuição oferece concentração de escolha e conveniência de acesso. Produtores unidos podem oferecer o mesmo, nos seus termos.

Continente e Pingo Doce entre os dez maiores importadores
Números para as compras nacionais são exagerados, uma vez que a experiência diz que a fruta e legumes portugueses estão em média abaixo dos 50%, a origem das marcas brancas não aparece na embalagem e contabilizam os processados em Portugal como "produção 100% nacional".

Empresário rompeu com os hipermercados e não se está a dar mal
Um pequeno produtor abandonou distribuidores e armazenistas e vende fruta pela internet, o sucesso da comercialização directa em pequena escala tem o potencial de mudar todas as regras do mercado actual.

Produtores de Mora vendem mais barato em mercado livre de intermediários
Os mercados municipais são a base fundamental para apoio aos micro-produtores e o meio de acesso ao comércio local e de proximidade. Mas são um modelo que tem que ser capaz de se reformular.

Preço do melão triplica entre o produtor e os hipermercados 
As importações de países que fornecem mais barato (por vários motivos) é usada como arma para atirar compra aos produtores nacionais para valores próximos do custo de produção mas produtores precisam de se unir para ganhar peso negocial e autonomia.

Como a grande distribuição pressiona os seus fornecedores
Um rol das principais estratégias de que grandes distribuidores utilizam na negociação de preços e contratos com os produtores.

Bom, parte da colheita de tomate não aproveitada por mau planeamento

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"Nem saúde Nem sustento"

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O título é deste amigo.



Um trabalho, mesmo um que é realizado por vocação, deveria permitir uma subsistência, ou seja, ser capaz de cobrir despesas com um lar, alimentação, energia, água, roupa e meios de deslocação. Também deveria garantir, para fazer sentido, alguma poupança, para investir num projecto pessoal ou começar uma família.
Por fim, deveria oferecer autonomia e algum tempo para a viver.

Quando o trabalho não dá a autonomia nem tempo e quando não permite pôr de lado o suficiente para investir num futuro, desaparece qualquer sentido de finalidade. Quando de forma mais grave obriga a escolher entre comer ou aquecer a casa, entre pagar renda ou uma deslocação necessária e a própria subsistência é posta em causa, sente-se com grande intensidade confusão e a decepção.

Quando apesar de se ter um trabalho se deixa de ter acesso a estas coisas surgem questões em relação ao sentido sequer faz aquilo que é fundamentalmente o estilo de vida da quase globalidade da sociedade onde crescemos e aquilo para que fomos educados toda a vida. Parecem não existir alternativas realistas ao fracasso ou à sub-existência neste esquema. Se o trabalho então nem sequer existe, o sentido de futilidade e fracasso é total.

Trabalhamos durante toda a vida para comprar um futuro, qualidade de vida e subsistência, mas acabamos  muitas vezes por perde-los por vários motivos no final ou durante este percurso.
Se tivermos ao nosso alcance os meios para trabalharmos directamente para a nossa subsistência, futuro, e tempo para o viver provavelmente estamos a abdicar da poderosa promessa de liberdade das preocupações mundanas que nos é prometida com um contrato de trabalho a tempo indeterminado, um crédito à habitação, um seguro, dinheiro na conta e um plano de reforma.

Mas alguma vez a tivemos realmente ao nosso alcance?

Truísmos [XIII]

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